Sem conseguir avançar com o governo Bolsonaro, indignados com sobrecarga de trabalho, desvalorização e retirada de direitos, trabalhadores dos Correios preparam greve nacional
Uma espécie de ‘PLR do futuro’ (Participação nos Lucros e Resultados) e R$ 0 (zero real) sobre o lucro bilionário que a empresa pública dos Correios acumulou durante a pandemia, esta foi a proposta rejeitada na assembleia geral de ontem, terça-feira, dia 9 de agosto, pelos trabalhadores dos Correios organizados no SINTECT/SE (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios/Sergipe), filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE).
O indicativo de greve já havia sido aprovado na assembleia geral do dia 21 de julho. Os trabalhadores dos Correios deram mais um passo em direção à greve geral nesta terça-feira reafirmando que não aceitam que o governo Bolsonaro negue o pagamento de Participação nos Lucros referente ao período mais lucrativo da empresa, que foram os anos de pandemia.
Para o secretário geral do SINTECT/SE, Jean Marcel, secretário de Cultura da CUT/SE, a proposta do governo Bolsonaro mais parece um ‘blefe’ quando condiciona o pagamento da PLR ao rendimento regional, metas individuais, não estipula de fato quando o PLR será pago aos trabalhadores e ignora o lucro que já foi alcançado nos últimos anos.
Jean Marcel também alertou para a onda de desinformação em relação à proposta do governo federal. Algo que já aconteceu várias vezes durante o governo Bolsonaro e cujo objetivo é enganar, confundir e gerar conflitos e desunião entre os trabalhadores dos Correios.
“Em nenhuma rodada de negociação o governo Bolsonaro mostrou vontade de negociar. O que ele apresentou foi manutenção da retirada de direitos e nenhum ganho nem em termos econômicos, nem em termos de direitos ou cláusulas sociais. Ou seja, é uma negociação de mentira, pois provavelmente ele vai ao dissídio para tentar dar migalhas aos trabalhadores desta grande empresa pública, lucrativa e muito importante para o Brasil”, afirmou Jean Marcel.
Se é que pode se chamar de proposta, o governo federal também ofereceu aos trabalhadores dos Correios uma atualização salarial que não chega nem ao Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC). Portanto, os trabalhadores dos Correios estão insatisfeitos, cansados de tanta perda de direitos, sobrecarga de trabalho, nenhum reconhecimento pelo esforço diário para cumprir metas enlouquecedoras e preparam greve nacional para o dia 1º de setembro.
Após a assembleia geral, os trabalhadores dos Correios também fizeram uma cerimônia com candidatos da esquerda João Daniel e professor Dudu do PT, Elinos, Alice Leite e Heraldo do PSTU para a assinatura de uma Carta Compromisso com a luta pela valorização e respeito aos trabalhadores dos Correios.