Com o argumento de que está convocando os professores para uma manifestação contrária à PEC 32/2020, que o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) pretende colocar em votação, o SINDIPEMA tenta reunir um grande número de professores nesta sexta-feira, 28 de outubro, na praça da Bandeira, em Aracaju, a partir das 15 horas.
O ato, que decorre de iniciativa da CUT, argumenta que, se aprovada, a PEC reduzirá salários, acabará com a estabilidade do servidor público e abrirá brechas para a corrupção, entre outras perdas para a classe trabalhadora.
Diante de tais argumentos, que sempre norteiam as manifestações sindicais, muitos professores associados ao SINDIPEMA estão reagindo à tal convocação, e muitos deles têm expressado descontentamento com tal iniciativa, pois avaliam que tudo não passa de um ato em favor da candidatura de Lula, a menos de 48 horas da eleição.
A professora aposentada e ex-secretária municipal da educação, Márcia Valéria, por exemplo, disse que ficou indignada com tal “convocação” pois, “vejo essa manifestação não como luta pela classe e sim campanha eleitoral para Lula. Ficou muito claro para mim e tenho certeza de que para muitos outros filiados”, disse a professora.
A ex-secretária vai mais além e diz que “o Sindicato NÃO PODE trabalhar nem influenciar a população por nenhum partido, já que vocês (referindo-se aos dirigentes sindicais) são representantes de todos os professores associados e nós temos o direito constitucional de termos escolha partidária diferente ou não. Isso não pode ser confundido e não aceito esse tipo de manobra”, desabafou a professora.
A também professora aposentada Eulina Cabral não só endossa as palavras da ex-secretária como acrescenta que “mais importante para nós professores é que o SINDIPEMA, ao invés de fazer campanha político-partidária, exija da prefeitura o cumprimento do nosso piso, com o reajuste de 33% que foi concedido pelo presidente da república”.
Ultimamente, essas manifestações de sindicatos em favor de partidos políticos e de candidaturas de esquerda vem causando enorme desconforto junto aos associados que não comungam das mesmas ideias e, principalmente, aqueles que simpatizam por partidos que defendem filosofia diferente. Politicamente, o sindicato é uma entidade plural que reúne associados de diferentes credos e militância política. Daí, não ser aceitável usar os recursos de todos em favor de alguns.
O associativismo clasista aceitável é aquele que, sem nenhum preconceito, mantém neutralidade política, racial e religiosa.